Filhos que sabem aprender a aprender
Faremos por nossos filhos algo mais valioso do que ensinar o valor de saber aprender? Com certeza pretendemos educar nossos sucessores por meio de alguns requisitos essenciais que vão bem além de ensinar o valor de aprender. Todos nós também desejamos ensinar os valores do caráter, do respeito, da importância do amor, enfim, no longo processo da construção do legado familiar acrescentamos novos objetivos e buscamos reforçar no dia a dia os ensinamentos que consideramos mais relevantes a cada etapa do desenvolvimento dos nossos filhos.
Pensando nisso, hoje é dia de destacar a existência de uma base essencial que pode ajudar de forma muito qualitativa na formação de todos os elementos citados; é a arte de ensinar a aprender, permitindo caminhos de construção de aprendizagens iniciais.
Na sua casa existe admiração por parte dos seus filhos quando você fala com eles? Vejam bem, pensar sobre isso é INDISPENSÁVEL para o assunto de hoje. Não conseguiremos muitos resultados positivos, ao educar, se não houver respeito e um caminho viável de comunicação saudável entre pais e filhos. Logo, já destaco desde já: se você se interessou pelo assunto, “ensinar os filhos o valor de saber aprender”, primeiramente avalie o modo como tem ocorrido os vínculos entre vocês, afinal, esse assunto exige o pré-requisito da saúde na comunicação entre pais e filhos, pois a base da aprendizagem humana se dá no seio das relações familiares.
Não tem como pensar em ensinar a aprender nada, se entre duas pessoas a escuta for comprometida negativamente. Para que os filhos entendam como é importante o que seus pais ensinam, é necessário que o respeito seja natural, é fundamental que pais e filhos verdadeiramente escutem um ao outro, é imprescindível que o respeito seja a base para permitir aprendizagens, primeiro na própria família, envolvendo a educação dada pelos pais, nas mais diversas situações familiares, para que depois os filhos iniciem novos rumos de aprendizagem, fora de casa.
Sejamos sinceros: nossas aprendizagens mais significativas ao longo da vida não foram fruto de uma admiração? A aprendizagem tem essa característica. Aprendemos coisas diversas com as pessoas que admiramos e respeitamos, isso não é verdade? Aqueles que recebem nossa consideração, inspiram, fazem bem, logo, o que nos dizem e, indiretamente nos ensinam, é assimilado com naturalidade.
Se, no decorrer da construção do legado familiar, pais e filhos se encontrarem em um caminho de respeito e admiração, o que consequentemente ocorrerá será a valorização das conversas, a observação dos exemplos, rumo a caminhos de aprendizagens para o resto da vida. É gostoso querer aprender, mas, para isso, é preciso poder contar com pais dispostos a ensinar para que posteriormente outros adultos assumam este papel. Os contextos mais vindouros que levam ao prazer em aprender surgem primeiramente nas relações afetivas de cada família e depois passam por processos de transferência com outras pessoas.
Depois de lapidada a valorização da aprendizagem que vem, antes de mais nada, de uma iniciação de aprendizagem com os pais, surge a potencialidade de muitas outras situações onde o ensinar e o aprender serão praticados com maior facilidade.
Pensem comigo…Se os filhos não mantém uma relação positiva de comunicação com seus pais e as conversas são sempre de enfrentamento e não de aprendizagem e respeito, como as crianças ou adolescentes conseguirão estabelecer relações de aprendizagem fora de casa?
Para que as crianças e os adolescentes tenham sede em ouvir os ensinamentos dos seus professores e de outros adultos, fora de casa, precisam ter interiorizado o respeito necessário e a atenção essencial para os momentos de construção de aprendizagem. Se não acontece o exercício de aprendizagem em casa, será muito mais difícil que ocorra em outros ambientes. Vocês podem reparar essa questão observando as condutas mais variadas com as pessoas que convivem por perto.
Certamente, muitos de nós já tentaram conversar com uma criança ou adolescente que estava por perto e estranhamos a falta da habilidade comunicativa, a inquietude para os diálogos, enfim, esses são sinais fundamentais. Se uma criança naturalmente aprende a conversar com seus pais, olhar nos olhos, ter atenção quando alguém fala e corresponder quando uma conversa é iniciada, ela também terá condições de fazer a transferência, e manter vínculos que poderão gerar aprendizagens. Essa realidade é muito comentada e discutida nos ambientes escolares, onde é comum ouvir comentários dessa natureza: “ela não ouve nem os pais, como vai me ouvir”?
Precisamos ouvir dos nossos filhos as expressões: “aprendi com meu pai”, “foi minha mãe que disse”, “eu sei disso porque meu pai me contou”, enfim, ideias como essas representam o exemplo mais coerente para o bate papo de hoje:preocupem-se em fazer com que seus filhos aprendam com vocês tudo que ensinam a cada dia. Não deixem que de modo quase invisível, ocorra uma meia educação, ou seja, aquela que a gente vai levando como dá, na hora que dá. Por favor, longe disso. Já conversamos muitas outras vezes aqui neste blog sobre a importância do sucesso ao educar os filhos. Conversem com seus filhos com atenção especial, façam sermões educativos na base do respeito, com autoridade, mas sem autoritarismo. Busquem observar as respostas desse tipo de investimento educacional: o retorno dos filhos. Quando essa filosofia de educação está no caminho certo, logo os resultados aparecem, porque até os limites bem dados, passam a ser “engolidos” com dificuldade pelos filhos, mas não com desobediência explícita.
Se seus filhos conseguirem aprender com vocês, pais e mães, as primeiras aprendizagens comportamentais, e todas as outras, desde os estímulos motores, aos cognitivos, terão grandiosas chances de serem devoradores de muitas aprendizagens fora de casa. A base cerebral para um futuro promissor nas aprendizagens, somos nós, os pais, que oferecemos.
Fonte: www.robertapimentel.com.br