Dislexia: Dicas para a sala de aula
Colocá-lo de frente e no centro da lousa, preferencialmente
na 1ª carteira.
Tê-lo sempre perto da professora, que supervisiona seus
trabalhos, principalmente na organização e seqüência das atividades.
Escrever claro e espaçado na lousa, delimitando as partes da
lousa (duas ou três partes no máximo) com uma linha divisória vertical bem
forte.
Escrever cada parte da lousa com uma cor de giz. Ex.: à
esquerda com branco, centro com amarelo e à direita com azul claro.
Explicar que estas divisórias são feitas somente na lousa,
para facilitar a leitura e não devem ser reproduzidas no caderno das crianças.
Exigir disciplina e concentração no conteúdo abordado,
permitindo interrupções e opiniões espontâneas, desde que pertinentes ao
assunto. Dizer ao aluno caso sua colocação esteja fora de contexto.
Valorizar sempre o conteúdo trabalhado e “tolerar” as
dificuldades gramaticais, como letra maiúscula, parágrafo, pontuação,
acentuação, caligrafia irregular, etc. Diminuir a tolerância à medida que os
anos escolares se sucedem.
O disléxico geralmente tem dificuldade com a orientação e
organização espaciais. Pode, sem perceber, pular folhas do caderno, pular
linhas indevidamente, escrever na apostila trocada, fazer anotações em locais
inadequados. Mostrar sempre o certo, não punir o erro e não criticá-lo pela
falta de atenção. Diminuir a tolerância à medida que os anos escolares se
sucedem.
O disléxico geralmente tem dificuldade em ficar sentado na
carteira por muito tempo seguido. Permitir que levante-se, aponte o lápis, vá
até a lousa, ou outro movimento que o relaxe, exigindo que retorne ao lugar em
seguida.
Ser sempre clara e sucinta nas explicações das ordens dadas
oralmente, preferencialmente dando exemplos e mostrando onde quer que faça a
atividade. Ex.: do lado direito superior da folha, mostrar o lado e a
orientação.
Em lugar de dizer o que não deve ser feito, diga sempre o
que é esperado que se faça e como é para ser feito. Repetir a ordem se
necessário.
Elaborar aulas com material visual, claro, criativo, que
chame atenção.
Usar sempre mais de um canal de aprendizagem e informação,
com diferentes recursos audio-visuais. Ex.: entonação na voz, dramatização,
sons, desenhos, texturas, luzes, músicas, descobertas, retroprojetor, data
show, etc. além da tradicional memorização de aulas expositivas.
Estar sempre em contato com o profissional que atende a
criança, sabendo quais as letras que já foram trabalhadas para que possa ser
exigido o acerto.
Não trabalhar no limite, esperando que com o tempo vai
passar. Sempre entrar em contato com a coordenação, com os pais, com os
profissionais que assistem o disléxico. O stress do professor só piora o
quadro, traz frustração e afeta a motivação de todos. Mantenha o bom humor e a
confiança de que haverá sucesso.
Trabalhar sempre com o erro como forma de aprendizado e
nunca como meio de punição. Ex.: se trocou letras, mostrar o erro, ler o erro,
produzir o erro e estimular a classe a corrigi-lo, sem estigmatizar o aluno
Produzir erros “de propósito” para que os alunos descubram.
Só aquele que aprendeu pode corrigir.
Estimular atividades conjuntas, onde um começa, o outro
continua e vice-versa. Ex.: troca de cadernos, o aluno é o professor, trocam os
lugares, ficam os cadernos, etc.
Não dar muitos exercícios repetidos. O disléxico não aprende
pela repetição, ao contrário, cansa-se mais facilmente e desmotiva-se.
Criar novas formas de ensinar a mesma coisa, pedir que as
crianças elaborem exercícios, tornando-se co-autoras do aprendizado.
Em um texto espontâneo, valorizar as idéias, o conteúdo. Dar
notas separadas para a idéia e para a escrita.
Em provas de outras disciplinas, como ciências, história,
etc., corrigir pelo conteúdo e não descontar nota por erros de português.
Aumentar a exigência à medida que avançam os anos escolares.
Em avaliações, sublinhar (se possível) o que se está
pedindo, destacando-se do enunciado da pergunta. Ensinar a criança a destacar
as palavras-chave do texto.
Não exagerar na quantidade de tarefa e sim na qualidade. Não
permitir que os pais corrijam a tarefa, para que o professor possa avaliar o
nível de aprendizado e reestruturar o conteúdo.
Delimitar em colunas os cálculos matemáticos, para que não
se confunda na orientação espacial.
Aceitar respostas objetivas, diretas, curtas, desde que
contenham a resposta solicitada. Aumentar a exigência à medida que os anos
escolares avançam.
Os textos do disléxico tendem a ser desorganizados, com
falhas na seqüência dos fatos e excesso de pronomes. Explicar e numerar os
parágrafos.
A leitura do disléxico geralmente é muito ruim, porém a
compreensão pode estar preservada. Ele pode ler palavras trocadas, de conteúdo
semântico semelhante. Ex.: /unir/ por /juntar/; /beber/ por /tomar/. Tolerar,
desde que a compreensão seja preservada.
Se o professor não entendeu o que o aluno escreveu, a letra,
ou o que ele quis dizer, solicitar que ele leia sua escrita, antes de corrigir.
Não privilegiar o disléxico em nada, apenas compreender que
suas dificuldades são reais e neurológicas, que ele necessita tratamento
especializado para evoluir como os demais.
O disléxico é tão inteligente ou mais que os outros alunos.
Apresenta falhas de percepção de origem neurológica. Ele não erra de propósito,
nem dispersa-se porque não está interessado. Necessita de variedade e
flexibilidade por parte do professor, além de uma boa dose de paciência e
tolerância.
Disciplina, organização e criatividade são os fatores chave
para que um disléxico tenha sucesso em sala de aula. A rigidez e os modelos
pré-concebidos não se encaixam com este aluno.
As disciplinas que envolvem memorização são dificilmente
assimiladas. Use preferencialmente cartazes com resumos, com cenas, figuras
alusivas ao tema, dramatizações, filmes, que facilitem a associação com o
conteúdo a ser memorizado.
Ensinar o aluno a resumir, extrair as palavras-chave da
frase, do parágrafo, do texto.
Ensinar o aluno a parafrasear, isto é, dizer com suas
palavras o que entendeu, passando para a escrita.
Ensinar o aluno a ler, parar e avaliar se compreendeu. Não
permitir que leia toda a página para chegar a conclusão, no final, de que não
entendeu nada.
Material para metodologia com crianças disléxicas ou até mesmo com dificuldades durante o processo de alfabetização: Facilitando a alfabetização: Multissensorial,
fônica e Articulatória de Maria Ângela
Nogueira Nico
Publicado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter