sábado, 30 de maio de 2015

Jogo Boca Certa




 Ojetivos: Ampliar o vocabulário; Relacionar e associar fonema/grafema (som/letra);

Escrever palavras que contêm dificuldades ortográficas e fonológicas; Corrigir erros e trocas de letras; Desenvolver a atenção e a percepção auditiva.

Metodologia: Um aluno (o juiz) pega uma carta e mostra aos colegas a figura que está na parte da frente, nomeando-a, em seguida fala o nome das letras que estão no verso da carta, colocando-a na mesa, com as letras e boquinhas expostas. Cada uma das letras da carta, está pintada de azul ou vermelho, devem observar e pronunciar o nome da figura para perceber qual letra usamos para escrevê-la.

Os alunos falam qual a cor da boca, de acordo com a escrita da figura. Exemplo: figura VASSOURA, letras F em azul e V em vermelho, os alunos falam, boca vermelha, pois VASSOURA se escreve com V.

Depois disso, com as letras móveis escrevem a palavra na ficha de papel dividida em quadrados, onde cada letra completa um quadrado, o juiz também realiza a escrita, sendo ele o responsável pela análise dos erros e acertos. Se necessário for, deverá consultar o gabarito com todas as figuras e suas escritas.

Postado por psicopedagoga Simone

Jogo dos Andares (variação tridimensional do jogo da velha).


Participantes: 2 ou 3 jogadores
Objetivos: Ampliar o tempo de concentração; Ampliar organização espacial e percepção visual; Criar estratégias. 

Como jogar: Quando o jogo é disputado por 2 jogadores cada um recebe 13 bolinhas, sendo que quem começa usa uma bola a mais (14). Se forem 3 jogadores cada um fica com 9 bolinhas. Começa o jogo quem ganha no par ou ímpar. O tabuleiro está vazio, o objetivo é fazer o maior número de alinhamentos, em qualquer direção (vertical, horizontal, diagonal) e também contando as peças dos 3 andares (tridimensional). Cada jogador por sua ordem coloca as bolinhas até todas as casas estarem ocupadas. A cada jogada se fizer ponto, este deverá fazer a marcação no papel, para ao final do jogo somá-los. Ganha quem fizer o maior número de sequências de 3 bolinhas em linha reta, indiferente a cor das bolas. Ao considerar os 3 andares uma mesma bolinha pode compor mais de uma sequência.   

Postado por Psicopedagoga Simone

Jogo: Master mind – senha



Objetivo: Decifrar a senha criada pelo amigo.

Descrição: 
Tabuleiro
Pinos coloridos 
Pinos pretos e brancos, de tamanho menor que os coloridos.

Registro do jogo: Um jogador (o desafiador) faz uma combinação com quatro pinos coloridos, sem repetir as cores e levanta a placa (o defletor), para esconder a senha.

Então, o outro jogador (o desafiado), escolhe quatro pinos e coloca no tabuleiro para tentar adivinhar a senha, o desafiador põe os pinos pretos e brancos no quadrado menor ao lado. A regra dos pinos pretos e brancos são essas: o branco significa que a cor está certa, mas no lugar errado, o preto significa que a cor e a posição estão corretas, e caso não coloque nada, significa que a cor deste pino não está na senha. O desafiado vai tentando adivinhar, se guiando pelos pinos pretos e brancos. Se o desafiado não acertar até a 10ª fileira, o desafiador fecha o defletor e revela a senha, mas se adivinhar, o desafiador põe quatro pinos pretos e revela a senha. 

Postado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter


Jogo: Palavra Secreta 

Objetivo: Desenvolver o raciocínio, atenção e concentração.
Analisar as pistas contidas na carta, para descobrir qual palavra será formada.
Identificar a palavra e agir com rapidez para ser o primeiro a responder corretamente.




De 2 à 4 participantes. Organizam as cartas com o desenho virado para baixo, decidem quem começa o jogo, este joga o dado, retira uma carta do monte e coloca sobre a mesa, com as dicas viradas para cima, para que todos possam analisá-las, quem souber qual palavra formou, deve imediatamente tocar na mão da placa sobre a mesa e falar a palavra, se acertou segue com seu pião o número de casas sorteadas no dado. E passa a vez para o próximo jogador. Vence quem chegar primeiro ao fim.

Postado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter
Jogo das mãozinhas




Objetivos: Relacionar numeral ao algarismo e a escrita do seu nome;
Realizar cálculos envolvendo as 4 operações (de acordo com a faixa etária);
Organizar os números em ordem crescente/decrescente;
Perceber antecessor e sucessor dos números;
Desenvolver o raciocínio-lógico.

Primeiro as crianças são solicitadas a organizarem as mãos no painel de acordo com os números que a professora falar, elas devem colocar os dedos para trás e prender com um clips a fim de obter o número desejado. Em seguida colocam o algarismo na frente de cada mãozinha, de acordo com o número de dedos levantados, e depois a professora pede para colocar o sinal da operação matemática, que deverá realizar. Fazem o cálculo (de preferência mentalmente), contam os palitos com o resultado e colocam ao lado da operação, incluindo a ficha com o nome do número. 

Postado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter



Brincando com o alfabeto



Objetivos: Ordenar as letras do alfabeto; Relacionar letra ao valor sonoro; Ampliar o interesse pela leitura.

Descrição:
-        Letras do alfabeto;
-        Figuras e objetos;
-        Palavras escritas em fichas

Regras: Os alunos são orientados a organizar as letras na ordem alfabética, depois receberam várias fichas com imagens e alguns objetos, onde procuraram perceber o som da primeira letra de cada palavra/nome das imagens e objetos, posicionando-os perto da letra correspondente.
Depois retiramos as letras do alfabeto, deixando na mesa somente as figuras e objetos.
Em seguida, receberam as fichas com os nomes das imagens/objetos e tiveram que ler as palavras colocando-as perto da figura/objeto correspondente. 

Postado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter
Jogo para alfabetização

Psicopedagoga: Simone Bauler Reiter

Jogo caixa de areia



Objetivos:
·         Associar mentalmente a letra/sílaba à escrita que um aluno irá fazer nas costas de um colega;
·         Relacionar letra ao valor sonoro;
·         Aprimorar a linguagem oral;

Procedimento:
Um aluno de cada vez pega uma ficha contendo sílabas impressas, depois deve escrever com o dedo indicador a sílaba nas costas de um colega, sendo que o colega precisa perceber qual a sílaba escrita e falar seu nome. Ao acertar, todos podem escrever a sílaba na caixa de areia. Quando a criança não acertar, passa a vez. Depois de três rodadas, passamos para a escrita das palavras no quadro, usando as sílabas sorteadas. Separamos de acordo com o nível de alfabetização, os alunos que ainda estão em construção da escrita, escreveram palavras que iniciavam com a sílaba, já os alfabéticos, escreveram palavras onde às sílabas sorteadas estão no meio ou no final das palavras. Exemplo: Sílaba RE – PAREDE;          NA - CORTINA     

Postado por Psicopedagoga Simone Bauler Reiter




A importância do sono


Escola também deve levar o sono em consideração

Doutor em neurociência explica a importância do sono para o aprendizado e defende a reorganização de horários escolares
Quando se pensa no modelo de uma escola ideal, imediatamente fazemos associações com o projeto pedagógico, a organização do currículo, a formação dos professores, o espaço físico e até mesmo a alimentação. Tudo isso deve ser considerado. No entanto, para o doutor em neurociência Fernando Louzada, professor da Universidade Federal do Paraná, essa lista também deve levar em conta o tempo biológico de cada aluno e o sono. Sim, o descanso também é importante para aprender.
Louzada estuda a relação entre o sono e a aprendizagem há mais de 20 anos. Atualmente, ele também participa da Rede Nacional de Ciência para Educação, que conta com o apoio daCapes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) e o Instituto Ayrton Senna para integrar pesquisas científicas ao processo educacional.
Sono e Educaçãocrédito: aboikis / Fotolia.com

De acordo com o doutor em neurociência, muitos não dão importância para o sono, mas há quase um consenso entre os pesquisadores de que a atividade cerebral que acontece durante esse período tem ligação com a consolidação do aprendizado. As possiblidades de simulações que acontecem durante o sono também abrem espaço para a criatividade e o despertar de insights. “Assim como a escola se preocupa com a alimentação dos alunos, ela deve pensar da mesma forma com o sono”, defende em entrevista ao Porvir, quando ressalta a necessidade de reorganizar horários escolares de forma a considerar essas necessidades.
“Os alunos aprendem de maneiras diferentes e com ritmos diferentes. Mas quando se pensa nas diferenças temporais, as pessoas não conseguem enxergar da mesma maneira”, explica Louzada. Segundo ele, os educadores precisam saber que os alunos possuem ritmos biológicos diferentes. “Isso também deveria ser pensado no âmbito da personalização do ensino”, afirma. Ao contrário do que muitos acreditam, nem sempre horário tardio para dormir e despertar de uma criança ou adolescente está associado à falta de limites.
‘Os alunos aprendem de maneiras diferentes e com ritmos diferentes. Mas quando se pensa nas diferenças temporais, as pessoas não conseguem enxergar da mesma maneira’
Existe uma área da biologia que é responsável por estudar e mostrar essas diferenças temporais a partir de uma influência genética. Conforme aponta a cronobiologia, cada pessoa tem um tempo diferente. Um aluno considerado matutino, por exemplo, apresenta preferência por acordar cedo e sente mais disposição nesse período. Já para um vespertino, é difícil levantar nas primeiras horas do dia. “Isso faz parte da organização dos relógios biológicos desses alunos”, afirma o pesquisador.
Muitas escolas acreditam que as crianças e adolescentes conseguem se acostumar a dormir e acordar cedo. Porém, o doutor em neurociências afirma que um aluno vespertino nunca vai mudar o seu comportamento natural. “Ele vai conseguir se ajustar porque o nosso sistema nervoso é plástico. Ele vai até dormir mais cedo, só que toda vez que tiver a oportunidade, vai expressar a sua preferência em deitar e acordar mais tarde”, explica.
A escola deveria apresentar opções de horários para atender tanto aos alunos matutinos quanto aos vespertinos, conforme aponta Louzada. Durante a segunda reunião da Rede CpE, que aconteceu na última segunda-feira (27), na sede do Instituto Ayrton Senna, em São Paulo, o doutor em neurociências apresentou uma ideia do que seria um modelo de escola ideal. Essa proposta sugere um horário de atividades comum entre os alunos, das 9 às 12h, e a opção de escolher entre as outras aulas no período das 7 às 9h ou das 13 às 15h.
“Dormir e reorganizar os horários escolares para respeitar essas preferências não gera custos. Existe um preconceito por trás disso e uma ideia de que todo mundo consegue se adaptar.” No entanto, antes de fazer qualquer alteração nos horários, o pesquisador diz que é necessário consultar professores, alunos, pais e a comunidade em geral. “Dentro da realidade e a proposta pedagógica da escola, você começa a discutir como seria esse modelo. O que eu estou propondo é apenas um exemplo de como se poderia ser feito”, afirma.
O sono também é importante depois de um aprendizado
Não restam muitas dúvidas de que o descanso é importante antes de um aprendizado, já que os efeitos de privação de sono podem reduzir a capacidade de atenção e provocam alterações de humor. “O dormir antes talvez seja mais evidente e mais fácil de observar”, comenta Louzada. No entanto, as pesquisas das últimas décadas também passaram a considerar o papel do sono depois de aprender, ou até mesmo durante os pequenos cochilos, chamados de sesta.
Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Cronobiologia Humana, da Universidade Federal do Parará, investigou o sono durante o intervalo de uma atividade. Um grupo de estudantes foi convidado a jogar o game Speedy Eggbert, que envolve a resolução de problemas em diferentes níveis. Entre as fases do jogo, uma parte do grupo foi colocada para dormir durante uma hora e meia. Os resultados mostraram que 12 participantes, entre os 14 que dormiram, conseguiram resolver o desafio. No grupo que ficou acordado, esse número caiu para sete, de 15 indivíduos.
Pelo menos até os 6 ou 7 anos, o doutor em neurociências defende que a escola tenha um espaço dedicado para a sesta. “As crianças vão fazer opção se querem dormir ou ficar acordadas. Algumas não sentem mais a necessidade da sesta por conta do amadurecimento do sistema nervoso. Mas, precisamos permitir que as crianças durmam.”
Fonte: http://porvir.org/porpensar/escola-sono-aluno/20150504

sábado, 23 de maio de 2015


Dislexia – Atenção aos sinais.


O percurso até a descoberta se uma criança é ou não disléxica ainda pode ser longo e desgastante. Mais de cem anos após ter sido feito o primeiro diagnóstico de Dislexia, muitas crianças com esse distúrbio de aprendizagem ainda são consideradas por seus pais e professores como preguiçosas, desinteressadas, distraídas e outros adjetivos que elas gostariam de esquecer. A Dislexia do Desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento de palavras com precisão, dificuldade na fluência da leitura, dificuldade na habilidade de decodificação e soletração, não mais esperadas em relação à idade. Essas dificuldades resultam de um déficit fonológico da linguagem e são inesperadas, considerando-se o funcionamento intelectual dentro da média, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais. Assim, embora a criança não tenha um déficit intelectual, seu desempenho na leitura, e consequentemente na escrita, é aquém do esperado. Embora de base biológica, é frequentemente na escola que a Dislexia será notada pela primeira vez e, muitas vezes, demorará a ser percebida. Muitos pais estranham o fato de que aquela criança que sempre fora tão esperta, curiosa, que sabe falar sobre tantos assuntos, ao ingressar na escola, não conseguir se alfabetizar e procuram os professores para uma orientação, o que nem sem sempre ocorre de forma satisfatória. É verdade que alguns professores também notam alguma dificuldade e a demora naquela criança para aprender a ler, mas acham que é melhor esperar um pouco, antes de falar com os pais e fazer algum encaminhamento; muitos profissionais falam que é bom aguardar, que a criança terá um “clic” e tudo se resolverá. É nesse ponto que a participação do pediatra é fundamental. O pediatra é uma pessoa de confiança da família e geralmente é um dos primeiros a serem consultados quando surge um problema ou dúvida sobre o comportamento da criança nas mais diferentes esferas. Se os pais levantam a suspeita de uma dificuldade escolar, a orientação é importante para uma avaliação multidisciplinar, pois, hoje, graças às inúmeras pesquisas internacionais e nacionais, sabemos a relevância de um diagnóstico e intervenção precoces e a enorme diferença que isso pode fazer na vida da criança. Quanto mais cedo a intervenção, menor será sua duração, melhor será o resultado acadêmico do aluno e menores serão as consequências para sua autoestima. Além disso, a prevalência mundial da Dislexia é estimada em torno de 10% da população, portanto há uma chance grande de nos depararmos com uma criança com Dislexia no consultório pediátrico. Para entendermos o funcionamento cerebral do disléxico, é importante considerarmos alguns aspectos neuropsicológicos que envolvem o processamento da linguagem e desenvolvimento da leitura e escrita. Para o processamento dessas habilidades é necessária a interação de várias áreas cerebrais. Estudos mostram que em indivíduos sem Dislexia há ativação da área temporal esquerda na execução de tarefas de linguagem na análise fonológica das palavras (segmentação das unidades que a compõem). Nas áreas de associação do hemisfério esquerdo processa-se a leitura e compreensão do material lido e compreensão do vocabulário e na junção do lobo temporal e lobo occipital é realizada a análise visual da palavra, a interpretação direta da análise ortográfica da palavra, isto é, transferência direta da análise ortográfica para o significado. No lobo frontal é feita a decodificação fonológica, execução da palavra falada além da discriminação visual complexa (fechamento da palavra escrita). Em relação à escrita o lobo parietal faz a sequencialização dos símbolos gráficos, o occipital a discriminação visual dos símbolos gráficos e o lobo frontal a decodificação fonológica e programação motora. A presença da dislexia se deve a disfunções neuropsicológicas que acometem as áreas do Sistema Nervoso Central, ocasionando assim falhas na decodificação, processamento, programação e execução da leitura e da escrita. Estudos recentes, que se utilizam de Ressonância Magnética funcional, apontam que crianças com Dislexia nas provas de decodificação fonológica apresentam hipoativação ou baixa ativação metabólica da rede neural do hemisfério cerebral esquerdo em tarefas como leitura de logatomas ou não-palavras, nomeação e reconhecimento de rimas. Apontam também baixa atividade do córtex parietal, temporal e frontal esquerdo. Alguns estudos detectam a menor ativação do córtex nas áreas destinadas à compreensão da leitura, como a área de Wernicke e maior ativação da área de Broca e o giro frontal inferior do hemisfério contralateral para compensar. Devemos lembrar, portanto, que a Dislexia é um quadro amplo, que engloba um conjunto de características, sendo que várias delas podem estar presentes antes da alfabetização. Esse conjunto de características são familiares e hereditários e cabe a nós, profissionais, estarmos atentos para a correta atuação. Confira abaixo alguns sinais que podem ajudar na percepção da criança com dificuldades: SINAIS NA PRÉ-ESCOLA • Histórico familiar; • Atraso na aquisição e no desenvolvimento da fala; • Dificuldade em sustentar a atenção; • Dificuldade em aprender rimas e canções; • Fraco desenvolvimento na coordenação motora; • Dificuldade com quebra-cabeças; • Dificuldade na memorização do alfabeto e para aprender o nome das letras; • Aparente falta de interesse por livros impressos; • Dificuldade na memória de curto prazo; • Dificuldade na organização espacial; • Esquecimento dos nomes de objetos e de determinados conceitos como cor, forma e dias da semana; • Falta de estruturação na organização sequencial temporal. SINAIS NA IDADE ESCOLAR • Dificuldade na aquisição e no desenvolvimento da leitura e escrita; • Lentidão na leitura e escrita; • Problemas ao ler palavras desconhecidas e logatomas (não-palavras); • Vocabulário pobre, disnomias, sentenças curtas, com estrutura pobre ou omissão de pontuação; • Dificuldade em desenvolver o texto, principalmente em organizá-lo temporalmente; • Dificuldade na leitura e compreensão do texto lido, geralmente compreendem bem quando alguém lê o texto para ele; • Presença de substituições, omissões e inversões de fonemas e junções e/ou segmentação de palavras – disortografia; • Dificuldade na aquisição de habilidades linguísticas; • Dificuldade com análise e síntese de um som de uma palavra; • Reconhecimento lento e pobre de rima e aliteração; • Dificuldade em aprender sequências em geral (alfabeto, dias da semana, meses do ano); • Desatenção e dispersão; • Dificuldade na coordenação motora fina; • Dificuldade na coordenação motora global; • Desorganização geral e desorganização temporal: atrasos na entrega de trabalhos e no material; • Confusão entre direita e esquerda; • Inabilidade em manusear mapas e dicionários; • Dificuldade em uma segunda língua; • Dificuldade em copiar de livros ou da lousa; • Dificuldade na memória de curto prazo e na memória operacional, necessárias para a compreensão de instruções de pequenos problemas e na memorização da tabuada; • Dificuldade na matemática e desenho geométrico; • Podem ocorrer problemas atitudinais em sala de aula; • Desempenho inconstante; • Bom desempenho em provas orais. CARACTERÍSTICAS NA LEITURA E ESCRITA • Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia; • Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; p-b; q-d etc.; • Inversões de sílabas; • Adições ou omissões de sons, palavras; • Repetições; • Pular linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler; • Leitura lenta e silabada; • Problemas na compreensão; • Ilegibilidade. A Dislexia pode ter alguns estados associados, as comorbidades. As mais frequentes são:  Dificuldade em Matemática (discalculia);  Disgrafia;  Transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade;  Comportamento desafiador;  Depressão. Assim, ao se receber pais ou familiares de crianças que trazem muitas dessas queixas, o passo seguinte é o direcionamento para uma avaliação multidisciplinar, como a que realizamos na Associação Brasileira de Dislexia – ABD. Essa avaliação possibilita a detecção, se é o caso de uma criança de risco para Dislexia, ou seja, quando existem muitos sinais, mas ainda é o início do processo de alfabetização; se há a Dislexia, ou ainda, se há presença de outros distúrbios, com encaminhamento imediato para intervenção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Aspectos neurobiológicos da aprendizagem e dos transtornos da aprendizagem- Simone Aparecida Capellini- (matéria publicada na Edição 101-jun/13- revista Direcional Educador; • Entendendo a Dislexia -Sally Shaywitz(Artmed); • Neuropsicologia do Desenvolvimento e suas interfaces- Mauro Muszkat, Claudia Berlim de Mello- (Editorama); • Transtornos da Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar – Newra T. Rotta, Lygia Ohlweiler, Rudimar dos S. Riesgo – (Artmed).

Texto de Aurea M. Stavale Gonçalves Psicopedagoga clínica e neuropsicóloga Credenciada pelo Centro de Avaliação e Encaminhamento da Associação Brasileira de Dislexia – ABD
Fonte: http://www.dislexia.org.br/
Transtornos de aprendizagem da matemática



Muitas pessoas acreditam que a aprendizagem da matemática é um privilégio para poucos indivíduos. Será isso verdade? Por que essa dificuldade está presente não só na vida escolar de muitos estudantes, mas persiste no dia a dia de inúmeros adultos? A matemática sempre foi um bicho de sete cabeças para a maioria das pessoas e este conceito vem passando de geração a geração. Precisamos começar a desvendar esse enigma e para isso é necessário compreender que, ao falarmos em transtorno de aprendizagem da matemática, podemos estar falando de diferentes causas, desde problemas cuja origem não está com a criança, como a metodologia utilizada e a adequação do currículo, até questões psicoafetivas, emocionais, sociais e/ou culturais. Outros fatores como os de origem orgânica, ou seja, déficits cognitivos, doenças psiquiátricas, danos ou doenças neurológicas também podem levar ao fracasso acadêmico, porém esse não será específico à aprendizagem da matemática. Existem outras causas menos conhecida até mesmo entre os profissionais da área da educação e da saúde, e o que quero destacar aqui é o “Transtorno Específico das Habilidades Matemáticas” ou “Discalculia do Desenvolvimento”, que faz referência a uma desordem neurológica específica onde “os padrões normais de aquisição de habilidades matemáticas são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Esta dificuldade contrasta com um potencial cognitivo normal, não é consequência de uma falta de oportunidade de aprender nem é decorrente de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica” (CID – 10). Podemos, portanto, concluir que a discalculia apresenta-se como uma imaturidade das funções neurológicas ou uma disfunção sem lesão. As evidências relacionadas à agregação familiar e herdabilidade elevada indicam uma disfunção neurológica de origem genética. Embora menos conhecida e menos diagnosticada, estudos realizados em diversos países tem mostrado que a “Discalculia do Desenvolvimento” é tão prevalente quanto os transtornos envolvendo a leitura e escrita, oscilando entre 3% e 6% das crianças em idade escolar. É um transtorno não adquirido e de condição perseverante. A dislexia e o TDAH podem se apresentar em comorbidade com a Discalculia, porém esta não deve ser confundida com esses transtornos, já que a discalculia está relacionada a uma dificuldade com o senso de magnitude, a linha numérica, o processamento temporal e visão espacial. Alguns sinais da dificuldade podem ser percebidos precocemente, já na pré- escola, mas nenhum diagnóstico poderá ser feito antes que a criança tenha sido exposta à instrução formal em matemática por pelo menos um ano, ou seja, antes que tenha cursado o segundo ano (primeira série). Geralmente é na segunda ou terceira série que o transtorno torna-se visível. Os sintomas da discalculia variam de acordo com a idade. Em crianças pequenas, entre três e seis anos, pode-se observar dificuldade na compreensão de conceitos como igual e diferente, mais e menos, igual e diferente, contar e reconhecer numerais até dez, classificar objeto pelo tamanho. Já no final da primeira série, as crianças podem apresentar dificuldade para dizer, por exemplo, quais são os números que vem antes e depois de doze, compreender os sinais + , - , x , : , montar as operações e lembrar de procedimentos que envolvem essas operações. Nas séries seguintes são notadas dificuldades na memorização da tabuada, fraca capacidade para cálculo mental, na transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos, dificuldade na compreensão dos conceitos de medidas e falta de automatização do cálculo levando a dependência por estratégia primitiva como o uso dos dedos. Além disso, um número significativo de crianças com discalculia desenvolve sintomas de ansiedade e aversão à aprendizagem da aritmética. No adulto, a discalculia pode se manifestar em situações do dia a dia, revelando dificuldade no julgamento da passagem do tempo, estimar o custo de uma cesta de compras, estimar distâncias ou medidas, fazer planejamento financeiro e até dificuldade com o uso de calculadora. Embora o diagnóstico não possa ser feito antes dos dez anos de idade, não significa que antes desse tempo não possamos iniciar uma investigação sobre dificuldades apresentadas pela criança. O melhor caminho aponta sempre em direção ao diagnóstico e tratamento precoce. Se esperarmos até que ela esteja mais velha o bastante para um diagnóstico apropriado, poderemos ter desperdiçado um tempo precioso e ter causado à criança muitos anos desnecessários de esforço e frustração. Esse diagnóstico deve ser feito por uma equipe interdisciplinar, composta por fonoaudiólogo, neuropsicólogo, psicopedagogo e neuropediatra que avaliarão o desempenho da criança nas diferentes áreas cognitivas. Através do levantamento do perfil cognitivo da criança, buscam-se os subsídios necessários para o planejamento de uma terapia eficiente, direcionada às suas dificuldades específicas. Para os professores, o diagnóstico será valioso ao permitir planejar o trabalho corretivo exato, através de formas alternativas de ensino, melhorando desta forma o sucesso nas lições. A intervenção precoce melhora o rendimento acadêmico e a qualidade de vida da criança, minimizando os efeitos deletérios do transtorno, como o desenvolvimento de sentimentos de frustração, desmoralização, baixa autoestima, comprometimento da motivação para o estudo e dificuldade na integração social. A presença frequente de comportamentos desadaptativos do tipo desobediência, agressividade e comportamento antissocial, associados às dificuldades de aprendizagem, pode ser evitada. Concluindo, é fundamental que a dificuldade de aprendizagem da matemática seja melhor compreendida para que essa área de conhecimento deixe de ser vista, de forma simplista, como uma área de acesso restrito a poucos. Dessa forma, o funcionamento da vida cotidiana, social e profissional de muitos adultos será preservado. Para isso, precisamos contar com professores dedicados, famílias acolhedoras e profissionais competentes.

Texto de Rosana De Luca Cardillo Fonoaudióloga
fonte:http://www.dislexia.org.br

terça-feira, 19 de maio de 2015

Atividades lúdicas para trabalhar conceitos matemáticos como: Conceito de numeral, quantidades, associação, raciocínio-lógico, cálculo mental, entre outros








Publicado pela Psicopedagoga Simone Bauler Reiter

sábado, 9 de maio de 2015

                               

INCLUSÃO: COMO ENTENDER AS PESSOAS COM DISLEXIA?

UM CRANIO CINZA DE LADO COM UM CÉREBRO ROSA E UMA LUPA AUMENTANDO A VISÃO DO CÉREBRO
COMO ENTENDER A PESSOA COM DISLEXIA?

Os disléxicos são pessoas que possuem uma Inteligência normal e habilidades extraordinárias os quais, em um momento da sua escolaridade, apresentam dificuldades de leitura os quais se refletem, também, na ortografia e na organização escrita.
Temos que ter claro que a dislexia não é uma doença e sim um distúrbio que dificulta o acesso do indivíduo ao mundo da leitura. Desta forma, são sintomas da dislexia a lentidão na aprendizagem, a falta de concentração, a impulsividade, impaciência, baixa autoestima e, por consequência, dificuldades escolares.
Sendo assim, a dislexia difere do déficit cognitivo pois a sua causa não é cognitiva.
Podemos ter casos de dislexia de desenvolvimento, ou seja, aquela que o indivíduo herda de seus pais tendo um caráter hereditário, ou a dislexia adquirida que pode surgir após um acidente vascular cerebral.
Os professores devem ter claro que para ler, temos que fazer uso de quatro módulos cognitivos que são:

  • – módulo perceptivo: que se refere à percepção visual;
  • – módulo léxico: refere-se ao traçado das letras e a memorização dos grafemas;
  • – módulo sintático: refere-se a organização da estruturação da frase e de como as palavras se relacionam na estrutura da frase;
  • – módulo semântico: refere-se ao significado dos morfemas (prefixos e sufixos).
Detectar as áreas afetadas, limitações e habilidades destes alunos ajudam a elaboração de um plano de trabalho capaz de maximizar o potencial destes indivíduos. Sem uma avaliação detalhada das habilidades e comprometimentos do aluno será impossível realizar adaptações curriculares que levem a um aprendizado com qualidade e significado.

O ler e o escrever pode ser medido de diversas formas que, nem sempre, significam a utilização das modalidades oral e escrita. Podemos ler imagens, responder a avaliações formais de forma oral, expressar-se pelo desenho e muitas alternativas que, muitas vezes, são esquecidas peloscurrículos escolares
É responsabilidade, dos profissionais envolvidos, detectar as dificuldades lectoescritoras que englobam a capacidade do indivíduo para a identificação visual das palavras, a capacidade de compreensão leitora e de inferência textual, a capacidade de decodificação e as habilidades de memória.
O professor tem que saber como o indivíduo funciona durante o ato leitor pois não podemos encarar a dislexia como uma dificuldade generalizada da leitura, mas sim, como uma dificuldade que pode envolver alguns módulos e não todos os módulos envolvidos no processo leitor.
Quando sabemos identificar o módulo que está sendo afetado, através de avaliação específica, podemos propor uma intervenção que realmente atinja as necessidades do indivíduo as quais explorem e aprimorem a memória a longo prazo, a percepção e discriminação visual, a consciência fonológica, o ritmo e a discriminação e percepção auditiva.




                               
Fonte: http://atividadeparaeducacaoespecial.com/

Publicado pela Psicopedagia Simone Bauler Reiter

DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM

DISLEXIA


             
Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.
Tratamento
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Recomendações
* Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
* O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
* O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
* Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
* Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.

Fonte: http://drauziovarella.com.br/
Publicado pela Psicopedagoga Simone Bauler Reiter

terça-feira, 5 de maio de 2015

Dislexia - algumas informações importantes


Fonte: Neuro Saber


Fique atento com o desenvolvimento do seu filho




Conhecer o desenvolvimento cognitivo de seu filho para estimulá-lo na hora certa é uma das tarefas mais importantes de qualquer pai ou mãe. Porém, estar atento às reações que os pequenos deveriam demonstrar em cada fase ou idade é ainda mais fundamental, uma vez que elas indicarão, ou não, a existência de algum distúrbio. O avanço da Neurociência, desde a década de 90, tem trazido descobertas e esclarecimentos que vêm modificando a forma e o conteúdo de muitos transtornos que afligem o comportamento humano, principalmente das crianças. Condições que antes pareciam ser resultado de ações do ambiente passaram a ser explicadas por evidências neurocientíficas, como as geradas por problemas biológicos. 
Este é o caso do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), hoje amplamente reconhecido como um distúrbio geneticamente determinado. Os cérebros destas crianças não funcionam da mesma forma que os das não afetadas, e as regiões normalmente recrutadas para funcionarem em atividades executivas não são ativadas. O pediatra e neuropediatra Dr. Clay Brites, vice-presidente da ABENEPI-PR e docente de neurologia na pós-graduação em psicopedagogia (UNIFIL) e de neuropsicologia (UNICAMP), explica que este transtorno pode ser observado dos três aos cinco anos de idade. “São crianças que precisam de estímulos, têm dificuldades para completar tarefas do dia a dia, são muito curiosas, com agitação do sono, brincadeiras destrutivas e atraso no desenvolvimento motor”. 
A regra geral para que tudo em nossa vida funcione melhor e de forma recompensadora é detectar problemas precocemente e intervir cedo. Esta regra se ajusta perfeitamente à saúde mental e às dificuldades de aprendizado. “Uma criança que não se comporta normalmente para a sua idade e não consegue aprender como os demais, vai sofrer e se frustrar progressivamente, além de ver suas relações afetivas/sociais se deteriorarem. Além disso, o cérebro infantil é mais permeável a intervenções, podendo reduzir de forma significativa problemas de desenvolvimento ou comportamento a longo prazo, com ações em idades precoces”, alerta o especialista.
De acordo com a psicóloga e psicopedagoga Dra. Sabrina Jany Guetta Gelhorn, o TDAH é uma disfunção neurológica que dificulta a concentração por tempo prolongado. Ela enfatiza que quanto maior for o esforço para a criança se concentrar, pela cobrança dos pais, da escola e professores, maior será a dificuldade e pior será o rendimento. “A pressão emocional interfere tanto, que a atividade do córtex pré-frontal desliga, quando o certo seria ativá-la”, destaca Dra. Sabrina, que lida há 30 anos com crianças e pré-adolescentes que apresentam distúrbios de comportamento e baixo rendimento escolar.
Segundo os dois profissionais, essas crianças precisam de orientação e apoio, e o primeiro passo é um diagnóstico correto. 
Dr. Clay afirma que o problema não é o ato de medicar as crianças, mas sim a falta de avaliação multidisciplinar daquelas que têm dificuldades de aprendizagem e/ou distúrbios de comportamento. “Nem toda criança que tem problemas de comportamento e aprendizagem necessita de medicação, pois a causa pode ser oriunda de distúrbios afetivos, sociais ou culturais”, enfatiza o médico. 
“Muitas crianças apresentam sintomas passageiros e repentinos, às vezes ligados a fatores emocionais, como a perda de um ente querido, a separação dos pais ou uma mudança de ambiente, nova escola, nova cidade. Precisamos ficar muito atentos à forma correta do diagnóstico, pois atribuir apenas causas genéticas leva a tratamentos errados e a uma supermedicalização de crianças que, simplesmente, diferem de outras”, relata a psicóloga e psicopedagoga.

O impasse

Não existem políticas públicas efetivas para avaliar com qualidade e de forma multidisciplinar os distúrbios de aprendizagem. Nas escolas particulares há maior interação, mas a pressão dos pais e professores, aliada à falta de apoio e acompanhamento dos profissionais, tem levado a tratamentos equivocados e falhos, que tratam os sintomas, mas não resolvem ou melhoram as causas. “Existem crianças que precisam de medicação e de outras intervenções, mas ficam sem esta abordagem e, na grande maioria dos casos, acabam sendo inadvertidamente medicadas”, resume Clay. 

Por que se fala tanto em medicação e quando ela é necessária?

A importância do diagnóstico é proporcionar o manejo correto e adequado dos problemas. “É através dele que teremos uma estratégia terapêutica: orientações do que fazer na sala de aula, orientações à família, indicar se precisa ou não de medicação, encaminhamentos para profissionais de psicologia, fonoaudiologia e psicopedagogos, recomendações de acessibilidade e inclusão”, ressalta o neuropediatra.
A medicação se faz necessária somente quando a criança tem um diagnóstico que justifique seu uso, e que esteja levando a prejuízos acentuados na aprendizagem e no relacionamento social e afetivo. A urgência e a gravidade também devem ser consideradas. “Ninguém deve introduzir uma medicação se a criança ainda tem sinais clínicos inconclusivos, incipientes e sem a menor intervenção prévia no seu ambiente. A medicina que lida com comportamentos (neurologia e psiquiatria) está perfeitamente ciente da supermedicalização que pode existir e somos totalmente contra. O que acontece é que a avaliação e a intervenção multidisciplinares (essenciais e indicadas para estes casos), que fariam este trabalho preliminar junto aos professores, são escassas e nossa sociedade não dispõe destes recursos nas escolas públicas e nas secretarias de Educação de forma abrangente e competente o suficiente, empurrando a família, que está preocupada com seu filho, a procurar uma ajuda mais rápida e acessível: a medicação”, esclarece Dr. Clay.
Existem várias evidências científicas e neurocientíficas acerca do uso de medicações nos transtornos psiquiátricos (como o TDAH, transtornos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, etc.), em sua maioria mostrando eficácia e melhorando de forma significativa o controle de comportamentos destrutivos e da aprendizagem escolar das crianças. O neuropediatra alerta que o uso de medicações sem indicação e prescrição médicas é temerário e pode acarretar sérias consequências físicas e emocionais. “Sei que existem muitas pessoas que usam medicamentos como a Ritalina para fazer provas, passar em concursos, melhorar a performance no trabalho, como se fosse um ‘tônico cerebral’. Mas isso é inaceitável pela comunidade neurocientífica”, diz o especialista. 
Sabrina afirma que nem toda criança necessita de medicação e que as causas também envolvem fatores genéticos e ambientais. “O tratamento ideal integra, simultaneamente, a intervenção sobre a base orgânica, que é a medicação, aliada ao tratamento comportamental, com terapia cognitiva e atividades psicopedagógicas. É necessária sempre uma reavaliação periódica para haver adaptações nas terapias,  e o médico deve readaptar as dosagens do medicamento ou até mesmo retirá-lo totalmente”, explica a psicóloga.

Entenda o TDAH

Vários grupos multicêntricos e associações nacionais e internacionais trabalham com pesquisas isentas que já demonstraram que o TDAH é resultado de uma mescla de deficiência de neurotransmissores, interconectividade anormal entre regiões cerebrais responsáveis pela atenção e regulação cognitivo-afetiva e associação com problemas ambientais como prematuridade, baixo peso ao nascer e tabagismo materno. Estes aspectos fisiopatológicos estão comprovados e fazem com que a comunidade médica especializada conclua, naturalmente, que a utilização de medicações para estes casos seja inquestionável. As pesquisas também são consensuais no que tange à eficácia da medicação no alívio dos sintomas com toda a segurança possível. 
Desde 2003, vários trabalhos com confiança estatística vêm mostrando que o risco de dependência psicológica e química com o uso destes medicamentos é desprezível em crianças e adolescentes. Além disso, eles reduzem os riscos de insucesso escolar, melhoram a performance de leitura e escrita, permitem ganho de autonomia e estabilizam o humor daqueles que não toleram regras e rotinas necessárias para o cumprimento de tarefas no cotidiano.
Dra. Sabrina reforça a importância da intervenção psicoterápica e psicopedagógica. “É preciso dedicarmos tempo a nossos filhos, pois com esse trabalho teremos adultos sadios, normais, felizes e capazes de ter uma vida sem sequelas”. 

A escola também tem papel fundamental

Durante a fase infantil, o apoio da escola também é imprescindível e deve ser dividido em várias frentes: a) informação e atualização dos professores (que muitas vezes desconhecem estes transtornos); b) acesso e diálogo com as equipes multidisciplinares e com a família da criança; c) ajustar didaticamente suas aulas para que estas otimizem a transmissão do conteúdo; d) aplicar avaliações que sejam proporcionais às dificuldades encontradas.
De acordo com Dr. Clay, é possível diminuir significativamente os efeitos do comportamento hiperativo no ambiente em que a criança frequenta, mas a chance de cura ainda é pequena. “O tratamento multidisciplinar reduz de forma considerável os prejuízos decorrentes deste comportamento, como desajustes familiares e sociais, repetência e evasão escolar, envolvimento com más companhias e com drogas lícitas ou ilícitas. Porém, todos estes transtornos demandam acompanhamento de longo prazo. Por isto, são difíceis de empreender numa sociedade que não se preocupa e desvaloriza a abordagem destes transtornos. As crianças com TDAH, dislexia,  transtornos neuropsiquiátricos, ainda não são protegidas por um programa ou estratégia de política pública. Tampouco nossa lei pontua efetivamente ações obrigatórias ou garante direitos claramente. A discussão sobre medicar ou não parece-me um problema muito menor em comparação com o que estas crianças realmente merecem e precisam: a atenção de toda a sociedade para que o seu tratamento seja reconhecido como necessário e acessível”.

Fonte:http://revistacorpore.com.br/